REINO DOS CÉUS

SEJA DEUS VERDADEIRO E TODO HOMEM MENTIROSO

sábado, 16 de fevereiro de 2013

CARTA AS SETE IGREJAS DA ÁSIA



CARTA À IGREJA QUE ESTÁ EM ÉFESO
Se a tradição que diz que João foi bispo na cidade de Éfeso é correta, sua pulsação deve ter acelerado quando ouviu que a primeira das sete cartas destinava-se exatamente à igreja em Éfeso.
Podemos ver nos livros de Atos e Efésios que a igreja do Novo Testamento era caracterizada tanto pelo amor como pelo zelo. Como a cidade de Éfeso tinha a pretensão de ser a "metrópole", ou "cidade mãe" de toda a Ásia, dava à igreja em Éfeso, pelas suas atividades evangelísticas e cuidado pastoral, o direito de pretender o título de igreja mãe da província. É por isso que o apóstolo Paulo pôde escrever acerca"... do amor para com todos os santos", manifesto pela igreja de Éfeso (Ef 1:15).
Na época em que João escreve, alguns anos já se passaram. Como estaria a igreja? O zelo parece não ter diminuído. As obras, o labor e a perseverança são louvados e, em especial, o valor que a igreja dava à sã doutrina. Embora a igreja suporte o sofrimento, é patente que não pode suportar o ensino falso, venha ele de homens perversos, pseudo-apóstolos, ou de nicolaítas em particular.
Éfeso era uma igreja que tinha levado a sério as advertências de Paulo quando do seu último encontro com seus líderes. Da mesma forma, a mensagem de Cristo não menospreza o cuidado deles pela pureza e o amor pela verdade Mas, na busca constante pela preservação da verdade, a igreja em Éfeso tinha perdido o amor,  "qualidade sem a qual todas as outras não têm sentido".
É digno de nota o fato de que somente na primeira e na última das sete cartas as igrejas são ameaçadas de completa destruição, pela desanimadora, e puramente negativa, razão que é a falta de fervente devoção. "Tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor", diz Cristo. Vê se me compreendes: “... odeias as obras dos nicolaítas as quais eu também odeio"; a teu favor tens teu zelo. Mas onde está o teu amor? Fica sabendo que do amor depende a tua própria existência como igreja.
Este tipo de erro é muito fácil de acontecer. Deve ser confessado por todos os cristãos que aceitaram o papel de bravos senhores defensores da verdade, e esqueceram-se de que deles se espera que sejam senhores de coração grande também.
 À igreja de Éfeso, Cristo mostra-se zeloso pelo que é certo. Demonstra poder e vigilância — mas é a igreja que ele tem nas mãos e vigia. Também tem olhos perspicazes para identificar o mal, mas é na igreja que ele o identifica. Também não pode suportar o mal, porém o mal que ele ameaça destruir é a própria igreja, se ela não se arrepender.
E, de fato, a primeira lâmpada do candelabro foi removida. Tanto a igreja como a cidade foram destruídas; a única coisa que restou foi um lugar chamado Agasalute, e isso, ironicamente, honra a memória de João e não de Éfeso.

CARTA À IGREJA QUE ESTÁ EM ESMIRNA
Ninguém precisa conhecer a história da cidade de Esmirna para compreender a mensagem destinada a essa igreja, mas creio que é elucidativo o fato de que a beleza dessa cidade, que até rivalizava com Éfeso, era, por assim dizer, a beleza da ressurreição. Setecentos anos antes a velha cidade de Esmirna fora completamente destruída, permanecendo em ruínas durante três séculos. A cidade que existia nos dias de João era, por assim dizer, uma cidade que havia ressuscitado. Em flagrante contraste com os campos existentes hoje no local onde Éfeso existia, Esmirna permanece até hoje com o nome de Izmir, sendo a segunda cidade da Turquia asiática. A ressurreição, que caracterizava a cidade, haveria de marcar a igreja também.
O futuro imediato era de sofrimento e morte. Isso era uma certeza; um fato que envolve inúmeras lições para nós que vivemos de modo relativamente fácil nos dias de hoje. Como reagiríamos se amanhã a perseguição batesse à nossa porta? Muitas igrejas aprenderam a viver debaixo desta perspectiva e creio que devemos fazer o mesmo. A grande tribulação, vista por João como o acontecimento final desta época, a qual ele próprio vê em miniatura, aparecia como uma constante na experiência do povo de Deus. É uma provação.
É a ação do diabo, mas serve aos propósitos e intenções de Deus.
A perseguição em Esmirna foi especialmente intensa devido ao fato de que a comunidade judaica local era o maior dos inimigos. Os judeus eram o povo de Deus do ponto de vista racial, mas não real (Rm 2:28), e de fato blasfemavam contra Deus quando perseguiam a igreja sob a alegação de estarem prestando culto a Deus (Jo 16:2). Foram talvez as pressões econômicas, exercidas por esses judeus, que levaram a igreja à pobreza. Talvez fossem as acusações difamatórias dos judeus que conduziram os cristãos à prisão e à morte.
Mas os cristãos não devem desanimar. O Cristo que desvenda esta possibilidade desanimadora passou por uma experiência semelhante. Como Esmirna, o Senhor “... esteve morto e tornou a viver" para garantir que eles também tornariam a viver. Por trás daqueles judeus estava Satanás; seu pai espiritual é o diabo e não Abraão (Jo 8:33,44). Mas Deus está por trás de tudo e é ele que controla todas as coisas. Uma grande lição é que o sofrimento é certo; outra, é que ele é limitado. Para a igreja de Esmirna a perseguição seria por "dez dias", em um futuro não muito distante. Mas, pela bondade de Deus, haveria o décimo primeiro dia e aí tudo estaria terminado. O fato de Deus estar no controle não quer dizer que Satanás esteja impedido de inflingir dor. Não há uma só passagem no Novo Testamento que prometa uma vida isenta de sofrimentos, aliás, como é notório, sem cruz não há coroa. Mas o que Deus garante é que, mesmo que a igreja venha a morrer no sentido físico, jamais sofrerá o dano da segunda morte. É assim que Paulo, tendo aprendido dupla lição, demonstra uma atitude verdadeiramente cristã face à tribulação: "porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não são para comparar com a glória por vir a ser revelada em nós" (Rm 8:18).
A mensagem, portanto, é que os crentes de Esmirna não devem ser medrosos, mas fiéis. Não devem olhar para o sofrimento, mas para Deus que tudo tem sob controle.

CARTA À IGREJA QUE ESTÁ EM PERGAMO
Éfeso era a principal cidade da Ásia, mas Pérgamo era a capital, pois era lá a sede do governo imperial.
Lá também havia o mais antigo templo dedicado à prática da religião patrocinada pelo estado, a saber, a adoração do imperador. Não sabemos com certeza se Cristo se referia a isso quando falou do "trono de Satanás", mas sabemos o tipo de dificuldade que os cristãos em Pérgamo tinham que enfrentar. Para eles, Satanás não era, como em Esmirna, um mero caluniador trabalhando por intermédio de um grupo de judeus mal intencionados. Satanás aparece como o "príncipe do mundo" segundo a expressão literal do Evangelho de João (Jo 14:30); o que a primeira carta de João chama de "o mundo" (1 Jo 2:15) é, de fato, o grande inimigo da igreja em Pérgamo.
"O mundo" inclui o poder de outras instituições além da máquina do Estado. Há a enorme biblioteca de Pérgamo (a cidade devia o seu nome à palavra "pergaminho"), o ministério de cura executado pelos sacerdotes de Esculápio e, servindo como coroa à acrópole da cidade, o altar grego asiático de Zeus, o salvador. Toda essa parafernália de uma "sociedade alternativa" orientada para as necessidades da mente, do corpo e do espírito, é acrescentada às demandas do próprio estado romano. Da mesma forma encontraremos na quarta cena a besta que sai da terra junto com a besta que sai do mar, oferecendo ao homem um sistema de vida viável, fora do reino de Deus. Mas esta é outra história. Antecipar o que João diz adiante é a maneira mais eficiente de confundir as coisas.
Resumindo, Satanás trabalha em Pérgamo através das pressões de uma sociedade pagã. Satanás persegue; o sofrimento que viria sobre os cristãos de Esmirna já pairava sobre os de Pérgamo, e pelo menos um cristão já havia sido martirizado. Ele segue; os nicolaítas que foram mencionados na carta aos cristãos em Éfeso acham-se aqui novamente e, apesar de não sabermos muita coisa a respeito deles, o seu ensino parece ser do mesmo tipo do de Balaão, o qual havia conduzido o povo de Deus para o pecado em épocas passadas  (Nm 31:16; 25:1-3). Creio que os dois pecados mencionados no versículo  podem ser entendidos literalmente. Ambos aparecem nos dias de Balaão e reaparecem nos dias do Novo Testamento (1Co 5 e 8). O caminho que conduz à prática desses pecados é o tipo de tentação típica do mundanismo de todas as épocas: "que mal há nisso? Todo o mundo faz, por que não você?"
Sedução ou perseguição é a dupla perversão que o mundo oferece à igreja. Uma sociedade altamente permissiva pode ser estranhamente severa para com todos os que se recusam a acompanhá-la. "Por isso, difamando-vos, estranham que não concorrais com eles ao mesmo excesso de devassidão"   (1 Pe 4:4).
 As ruas alegres da Feira da Vaidade ainda podem conduzir à prisão ou à fogueira: ou você compra, ou é queimado. Antipas, ao que parece, foi o único membro da igreja em Pérgamo a sofrer o martírio. Mas o que o Senhor diz é importante: "Não negaste a minha fé, ainda nos dias de Antipas". Negar a fé era uma tentação constante, especialmente quando a outra opção era ser martirizado.
Para alguns a tentação é forte demais e por isso cedem. O compromisso com o mundo se estabelece quase sem sentir. A distinção entre a igreja e o mundo torna-se obscurecida. Há muita tolerância e pouca disciplina. A culpa de Pérgamo residia no oposto da culpa de Éfeso; e quão tênue é a linha entre o pecado da tolerância e o pecado da intolerância.
De qualquer forma, no fim, é com Cristo que eles terão que prestar contas. O poder da espada não está com os governantes romanos, nem com o príncipe deste mundo, mas com Cristo. A espada de dois gumes certamente refere-se ao outro juízo que é necessário: discernir a verdade     (Hb 4:12) e punir o mal (Rm13:4). O Senhor está pronto a usar a espada contra aqueles que, mesmo na igreja, não se arrependam.
O Senhor faz, entretanto, uma promessa àqueles que se arrependem e vencem. Não é fácil entender especialmente o significado das pedrinhas brancas, apesar de haver várias opiniões a respeito. Desde que o contexto fala de festas com carne sacrificada aos ídolos e da festa do maná que Deus espalhou no deserto para Israel, a menção das pedrinhas pode se referir ao antigo costume de utilizar pequenas pedras quadradas como ingresso nos espetáculos públicos.
A promessa de vida eterna feita no final das duas cartas anteriores é repetida aqui em termos apropriados ao cristão que não se conforma com os prazeres do mundo, nem com os banquetes da carne sacrificada aos ídolos. Cristo faz ao vencedor um convite pessoal para participar de um banquete no céu, que consiste na comunhão com o próprio Cristo: "porque quantas são as promessas de Deus tantas têm nele o sim"; e ele é o único e verdadeiro maná, o pão da vida que desceu do céu (2 Co 1:20; Jo 6:31-35).

CARTA À IGREJA QUE ESTÁ EM TIATIRA
Os pecados da igreja de Tiatira, assim como os de Pérgamo, eram a imoralidade e a tolerância para com a adoração de ídolos. Tanto nesta, como naquela igreja, podemos interpretar literalmente esses pecados, se bem que eles caracterizam o adultério espiritual no qual o povo de Deus incorria constantemente. De acordo com a metáfora bíblica, o verdadeiro Deus é o esposo de Israel, e os falsos deuses são os amantes de Israel (Jr 3; Ez 16;    Os 2). Tanto Jezabel como Balaão foram estrangeiros que seduziram a noiva de Deus à prática desse tipo de infidelidade (1 Rs 16:31; 2 Rs 9:22).
Há, no entanto, distinções entre as duas situações. Contra os cristãos cercados de Pérgamo, Satanás usa a pressão do mundo tentando comprimir os crentes "nos seus próprios moldes" (Rm 12:2). Mas onde a igreja já se faz notar pelo crescimento e pelo vigor ele sabe que pode causar um prejuízo maior envenenando o interior, do que pressionando o exterior.
Em Tiatira uma mulher assumia, ao mesmo tempo, o perverso caráter de Jezabel e a atividade profética de Balaão, e ensinava, como se fosse da parte de Deus mesmo, coisas novas e profundas que muitos membros daquela igreja forte e dinâmica já estavam predispostos a explorar.
A glória de Cristo sonda a mente e o coração de "Jezabel", e "nada refoge ao seu calor". Aqueles que não se arrependerem são ameaçados com tribulações e morte, certamente de cunho espiritual e, possivelmente tanto nestas punições como na punição pelos pecados, com a morte física também. Àqueles que se arrependerem ele promete que, uma vez removida a barreira do pecado, eles se transformarão na maravilhosa igreja missionária que está dentro de Si mesmos.

CARTA À IGREJA QUE ESTÁ EM SARDES
Apesar das falhas, Cristo reconheceu as coisas boas existentes em todas as igrejas às quais se dirigiu. O que ele encontrou que recomendasse Sardes? Nada. A única coisa boa que a igreja possuía era uma boa reputação para a qual não existia, de fato, razão alguma. O veredito de Cristo sobre a condição da igreja é breve e devastador: "Tens nome de que vives e estás morto".
Não nos enganemos acerca de Sardes. Ela não é o que o mundo chamaria de igreja morta. Talvez ela seja considerada viva até mesmo pelas suas igrejas irmãs. De fato, desde que Cristo determina a igreja a ser "vigilante" e a adverte de que a sua vinda para julgá-la será inesperada, quer me parecer que nem a própria igreja tinha consciência do estado espiritual em que se encontrava. Todos a reputavam como igreja florescente, ativa e bem sucedida; todos, com exceção de Cristo. Suas obras não atingiam o padrão estabelecido por Cristo. Ninguém naquela igreja tinha atingido a integridade necessária.
Se Cristo ameaça não confessá-la diante de Deus a razão é que, apesar de todo o seu ativismo, ela não está, de fato, confessando a Cristo.
Falha na integridade? Falha na confissão? Ninguém ficaria mais surpreso face às acusações do que a própria igreja. Mas "quando nos lembrarmos do que a palavra integridade significava, no sentido da vida cristã, aos cristãos em Esmirna, poderemos entender melhor o que João requeria da igreja em Sardes": segura, contemplativa como a cidade de Sardes, não sofria nem perseguições, nem heresias. Ela tinha imposto a Si mesma a tarefa de evitar problemas, seguindo uma política baseada na conveniência e na circunspecção ao invés de no zelo fervoroso.
Talvez não seja correto dizer que a sua reputação é a única coisa boa que a igreja tem. Há algumas pessoas na igreja que ainda não estão mortas embora estejam morrendo. Umas poucas pessoas na igreja ainda não se contaminaram. Acima de tudo é mencionada a primeira reação ao evangelho, "de como o tens recebido e ouvido". A palavra importante é "como" e não "o que". Oh! Se ela tão somente pudesse recuperar o espírito de santidade e consagração, "o como" daqueles primeiros dias! Do contrário Cristo ameaça vir de surpresa para julgá-la, como o ladrão na noite. O que ele descreve nestes versículos pode ser entendido como sua vinda no fim dos tempos, como em Mateus 24:36-44, mas pode referir-se a uma punição mais imediata. João "esperava que a vinda final de Cristo seria antecipada em menores, mas não menos decisivas aparições". A experiência da igreja em Sardes será igual à da cidade, a qual nunca fora tomada de assalto e se julgava impugnável, porém mais de uma vez fora capturada em surdina.
 Não há menção do reino e do poder e da glória contidos nas outras cartas como prêmio aos cristãos vitoriosos. Tudo o que Cristo promete aos vitoriosos de Sardes é que o nome do vencedor não será apagado do livro da vida, de modo nenhum, e que ele será vestido com as vestes brancas da justiça. Em outras palavras, tudo o que é garantido aos cristãos em Sardes, é que eles serão aceitos por Deus, como para sublinhar a possibilidade de que a igreja, como um todo, poderia até perder esse privilégio.
Se Cristo é o único que pode ver e expor a verdadeira condição da igreja em Sardes, ele é certamente o único que pode lidar com ela. E ele está pronto para fazê-lo.
Ele é "aquele que tem os sete espíritos de Deus e as sete estrelas"; e quando ele menciona juntas as estrelas, que são os anjos representativos das igrejas, e os sete espíritos, duas coisas podem acontecer. Os sete espíritos são os olhos de Deus de quem nada se pode ocultar; daí procede a mensagem tão severa que acabamos de ouvir.
Eles, os espíritos, são também o poder vivificador da parte de Deus e, em Sardes, como em todas as sete igrejas, Cristo tem nas mãos tanto a igreja necessitada, como o espírito vivificador. Ele pode reconciliá-los, não somente para fazer diagnóstico da situação mas para revificar os mortos. Precisamos estar certos de que se Sardes se lembrar, e der ouvidos, e se arrepender, ele a revificará.

CARTA À IGREJA QUE ESTÁ EM FILADELFIA
Além de Esmirna, Filadélfia é a única igreja em que Cristo não encontra faltas. Qualquer austeridade que pareça demasiada da parte de Cristo não é motivada pelas faltas encontradas, e sim pelos fatos que precisam ser enfrentados. Uma época de testes se aproxima, não certamente a última grande tribulação que João erradamente julgava iminente, nem uma perseguição local, o que fica evidente pelas palavras: "hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro". Este teste refere-se à perene perseguição, da qual todas as pequenas perseguições e, especialmente, a grande tribulação, são partes integrantes. E a igrejanão tem grande força para enfrentar esta batalha. Cristo não minimiza as dificuldades que deverão ser enfrentadas.
Ele encoraja a igreja. A igreja se defronta com uma oposição e com oportunidades, e a intenção de Cristo é ajudar a igreja a vencer a primeira e a confirmar a segunda.
O paralelo ente Filadélfia e Esmirna pode ser novamente encontrado no fato de Filadélfia ter que enfrentar a oposição dos da "sinagoga de Satanás". Para entender bem a idéia da palavra "mentem", no grego, devemos pensar nessas pessoas como sendo pseudo-judeus. Eles reivindicam para Si, falsamente, a glória de serem o povo santo de Deus. Em contraste, Cristo se apresenta como "o santo, o verdadeiro".
Ele menciona antigas profecias segundo as quais o povo de Deus será, um dia, justificado, e o resto da humanidade se curvará diante desse povo. Cristo diz à igreja que o cumprimento dessas profecias será o contrário do que era esperado pelos judeus de Filadélfia: eles é que terão de "prostrar-se aos teus pés" e reconhecer "que eu te amei". Oh! Que os cristãos se animem, pois são os favoritos do Senhor.
Freqüentemente, no Apocalipse, João faz coro aos outros escritores apostólicos, ensinando que os privilégios e as promessas feitas aos judeus no Antigo Testamento foram herdadas pela igreja cristã. Esta doutrina, bem como o seu aspecto histórico, encontra-se nestes mesmos versículos da carta aos cristãos de Filadélfia. Uma investigação acerca do significado da expressão "a chave de Davi" leva-nos até o livro de Isaías. Interessante notar que encontraremos menções do livro de Isaías espalhadas por todo o capítulo 3 do
Apocalipse. A "chave" aparece em Isaías 22:22, juntamente com a promessa de que o responsável por ela, Eliaquim, encarregado da casa de Davi, teria a mesma autoridade que Cristo tem de abrir e fechar. Mas abrir e fechar o quê? A entrada da casa de Davi. E com que propósito? Os portões estão abertos, diz Isaías, "para que entre a nação justa que aguarda a fidelidade (26:2).
Assim como o próprio Eliaquim é "fincado como estaca em lugar firme, e ele será como um trono de honra para a casa de seu pai" (22:23), da mesma forma, aos fracos, aos desprezados e aos estrangeiros, será dada a "minha casa e dentro dos meus muros um memorial e um nome melhor" (56:5). As nações também virão em submissão humilde (60:11); "todos os que te oprimiam, prostrar-se-ão até as plantas dos teus pés" (60:14 cf 49:22, 23). Todas as idéias aqui dizem respeito ao acesso à casa de Davi, ao reino, à cidade e ao templo de Deus.13 O que se segue pode ser acompanhado passo a passo. O Senhor condena o legalismo dos judeus ("Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois vós não entrais, e não deixais entrar os que estão entrando" Mt 23:13) e transfere a autoridade de porteiro à igreja.
.Dessa forma Pedro e os outros cristãos têm o privilégio de dar as boas vindas não somente aos judeus, mas aos samaritanos e aos gentios como membros permanentes do reino (At 2, 8,10). Assim, todo conceito expresso nas palavras: chave, porta, cidade, templo e coluna torna-se cristão, e é a base para a transferência acima mencionada. Os judeus precisarão aprender "que eu te amei".
Este favor não merecido é a raiz de todo o resto. Em certo sentido Cristo guarda (ou preserva) o seu povo porque eles guardam (ou observam) a sua palavra (v.10) e o incentivo que ele dá, tanto a Filadélfia como a Esmirna, é dirigido a todos os que lhe são leais. Mas a cadeia de causa e efeito vai mais fundo; eles obedecem aos mandamentos porque ele os amou primeiro. E vai mais fundo ainda: o resultado final do amor de Cristo pela igreja é que a igreja de "pouca força" será estabelecida como uma coluna irremovível no templo da Jerusalém Celestial (v.12). Esta igreja será selada de modo triplo: pertence a Deus, pertence à cidade de Deus e pertence ao Filho de Deus. Sua terna promessa aos que se sentem dolorosamente cientes de suas próprias fraquezas e inseguranças, é que no final eles pertencerão ao Senhor.
Até que esse dia chegue, o Senhor os anima a suportarem as pressões e, como não poderia deixar de ser, ao serviço. Em outras passagens do Novo Testamento a expressão "uma porta" é figura de oportunidade (1 Co 16:9;        2 Co 2:12); e, apesar disso, como vimos, nestes versículos significa principalmente a segurança que eles tinham de entrar na Nova Jerusalém; essa porta também é o único caminho pelo qual os outros podem entrar no Reino.
Invertendo a figura apresentada por Isaías, mesmo os judeus poderiam ser convertidos da sinagoga de Satanás. Assim os cristãos são duplamente incentivados, pois o mesmo Cristo, que anula os opressores, amplia as oportunidades. A porta foi aberta por ele e ninguém poderá fechá-la. É motivo para os cristãos se animarem e usarem a força que têm no serviço que ele lhes confiou.

CARTA À IGREJA QUE ESTÁ EM LAODICÉIA
A arqueologia tem se encarregado de fornecer dados bastante interessantes acerca da história relacionada com esta carta. Laodicéia era um centro bancário e produzia artigos têxteis. Também era famosa por produzir uma espécie particular de colírio. Era também uma estância hidromineral de águas mornas que vinham de fontes próximas à cidade. Assim as palavras de Cristo à igreja contêm uma confortável mensagem, bem apropriada. Mesmo que não tivéssemos o conhecimento arqueológico, ainda assim não teríamos problemas em identificar o juízo que Cristo faz da igreja. "Quem dera fosses frio ou quente!" Que condenação pior poderia existir para uma igreja do que o Senhor dizer que preferiria um cristianismo mais frio do que o encontrado efetivamente em Laodicéia.
Em outras cidades da Ásia temos observado que o estado da igreja geralmente corresponde ao estado da cidade. Em Laodicéia, entretanto, isso não se repete; há um contraste entre a cidade e a igreja. A igreja é a imagem da cidade revertida como em um negativo. Financistas, médicos e fabricantes de tecidos se encontram entre os cidadãos mais notáveis da cidade; porém a igreja é considerada "miserável, pobre, cega e nua". "Laodicéia tinha falhado no propósito de encontrar em Cristo a fonte de toda a verdadeira riqueza, esplendor e visão. "
A indiferença de Laodicéia é a pior condição em que uma igreja pode sucumbir. A situação de Laodicéia é pior que a de Sardes onde, pelo menos, existia um fio de vida. A única coisa boa em Laodicéia é a opinião da igreja sobre Si mesma e, ainda assim, completamente falsa. Ela tem a pretensão de ter todas as coisas, mas na realidade não tem nada. Devemos lembrar-nos de que em 1:16 há sete estrelas na mão de Cristo. Nós até podemos duvidar se ela era uma igreja verdadeira. Será que a linguagem de Cristo deveria nos chocar? É difícil pensar assim, frente ao descrito no versículo 16: "Estou a ponto de vomitar-te da minha boca". É o Amém, a Testemunha fiel e verdadeira que profere estas palavras, e elas são uma parte de todas as outras ameaçadoras escrituras que falam do Senhor, desgostoso com essa geração (Sl 95:10) e zombando dos homens (Sl 2:4).
Apesar disso Laodicéia tem uma chance. O fato de ser repreendida é uma prova de que o Senhor a ama; a ameaça de abandono total, caso ela não se arrependa, é contrabalançada pela promessa de reestabelecimento total, caso ela se arrependa. Por causa dessa igreja desastrada, o Senhor se apresenta, como "o princípio da criação de Deus, aquele que é capaz de descer até o caótico abismo do fracasso de Laodicéia e restaurá-la, assim como um dia ele fez com o mundo.
Isso só será possível se ela quiser. A soberania divina não é, de modo algum, prejudicada por isso. Cristo é o único que pode providenciar as riquezas, as roupas e o ungüento; ele é a voz persuasiva que aconselha Laodicéia a aceitar a oferta. Ele é o que vem, o que permanece, o que bate, o que chama. Sua soberania está implícita no fato de ele ser "a origem da criação" de Deus, verdade esta que a igreja de Laodicéia já conhecia através da carta de Paulo aos Colossenses (Cl 1:15-18; 4:16). Mas a pergunta crucial para a igreja é se ela abrirá a porta e deixará Cristo entrar. "Pois a única cura para a indiferença é a readmissão do Senhor excluído. "15
Mesmo que a igreja seja surda à chamada de Cristo, ele ainda assim se dirige a cada um dos membros individualmente, pois "quando Cristo diz: Eis que estou à porta e bato, se alguém... é clara a sua intenção de dirigir-se ao indivíduo. Mesmo que a igreja, como um todo, não dê ouvidos à sua advertência, pode ser que um indivíduo o faça. "16 A todas as pessoas de Laodicéia que apresentarem evidências de arrependimento, o Senhor promete, uma majestosa recompensa: "Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como eu venci, e me sentei com meu Pai no seu trono."

CAPÍTULOS 12, 13, 14 E 15 DE ROMANOS.


 
CAPÍTULO 12

Paulo começa chamando a atenção da igreja para que o culto ao Senhor seja racional (logikos), ou seja, um culto espiritual que exprime de maneira razoável a adoração a Deus que provém, o culto, do apresentar o corpo como uma vítima levada a um holocausto a Deus.
A não conformação com este tempo pela mudança de forma de pensar, nos leva a experimentar a vontade de Deus que é boa.
O apóstolo ainda aborda a diversidade de habilidades espirituais concedidas por Deus a sua igreja para o crescimento do corpo, levando em consideração a unidade de cada membro em um só corpo em Cristo.
A conduta de um cristão que experimenta a vontade de Deus é exposta adiante como o detestar o mal, praticar o amor fraternal, honrar uns aos outros, praticar a hospitalidade e ter o esforço para praticar o bem a todos.

Jonh Sttot a respeito do culto racional escreve “A palavra traduzida na BJ como "espiritual" é, no original grego, logikos, que tanto pode significar "razoável" como "racional". No primeiro caso, então o fato de oferecer-nos a Deus seria a única resposta sensata, lógica e apropriada aos olhos dele, tendo em vista a sua misericórdia auto-doadora. Se o sentido correto é "racional", trata-se então de um "culto oferecido de mente e coração" (REB), culto espiritual em oposição a culto cerimonial, "um ato de adoração inteligente" (JBP), no qual as nossas mentes estão completa mente engajadas.”

F.F Bruce a respeito do culto racional escreve O vosso culto racional. AV e RV: "O vosso serviço racional" ou "razoável". RVmg. e RSV traduzem: "Vosso culto espiritual"; NEB: "O culto oferecido pela mente e pelo coração" (mg: "O culto que vocês, como criaturas racionais, devem oferecer"). O substantivo é latreia, usado em 9:4 com referência ao "serviço de Deus" (AV, RV) ou o "culto" (RSV, AA; ver NEB: "o culto do templo") instituído para os israelitas. O adjetivo é logikos (derivado de logos), que pode significar "razoável", "racional" (o serviço prestado por vidas obedientes é a única resposta razoável ou lógica à graça de Deus)' ou "espiritual", como em 1 Pedro 2:2, onde o "leite da palavra" (AV) é expressão traduzida mais apro­priadamente por "leite espiritual" em RV, RSV, NEB e AA. Aqui talvez seja preferível "culto espiritual", em contraste com as exterioridades do culto do templo de Israel.

Parece-me que o apostolo quer ensinar a igreja que o culto a Deus que provém de um cristão que se rende a sua vontade e que pratica as obras de justiça, que não se conforma com este mundo e rende a sua mente para uma mudança de forma é um culto que sendo razoável é aquele que responde apropriadamente a vontade de Deus e que por conseguinte o agrada; sendo racional é o serviço a Deus que o cristão presta em culto constante de mente e coração, um culto inteligente visto que Deus nos fez inteligentes e que acrescenta informação aos ouvintes.

CAPÍTULO 13

O respeito as autoridades temporais, as suas leis, pagamentos de tributos e impostos e a devida honra que é o assunto levado em consideração pelo apóstolo, a igreja deve honrá-los visto que são imbuidos de autoridade temporal dada por Deus para manter a ordem social. Devemos respeita-los não somente por obrigação mas também por consciencia, ainda porque somos cristão.
Ainda no mesmo capítulo o amor é abordado como o cumprimento da lei visto que quem ama não pratica o mal contra o seu proximo mas o trata com dignidade e justiça. A única divida com o proximo deve ser o amor.
Paulo termina este capítulo chamando a atenção dos irmão para o despertar de um relaxamento, deixando as obras das trevas para se revestir de um novo homem, com as armas da luz, vivendo uma vida digna de glorificar a Cristo
Sobre a salvação que está perto F.F Bruce escreve "Salvação" aqui é vista em sua consumação futura. É "a adoção de filhos, a redenção do nosso corpo" que os crentes aguardam, conforme 8:23; considere-se a "salvação preparada para revelar-se no último tem­po" para a qual são guardados, conforme 1 Pedro 1:5. A realização final desta salvação coincide com a manifestação de Cristo em glória (ver Hb 9:28).
Esta salvação é a libertação da igreja da presença do pecado, a mesma está livre da culpa do pecado e do controle do pecado mas aguarda a salvação que trans formará este corpo mortal em corpo incorruptível.

CAPÍTULO 14

Paulo escreve à igreja sobre acolher o débil na fé e o uso da liberdade cristã. O débil na fé de acordo com Sttot pode ser descrito em quatro possibilidade:
a-      A primeira possibilidade é que os fracos sejam ex-idólatras, recém-convertidos do paganismo
b-      A segunda sugestão é que esses fracos sejam ascetas.
c-      A terceira possibilidade, sustentada por C. K. Barrett, é que os fracos seriam os legalistas.
d-      A quarta proposta — aliás, a mais satisfatória — é que os fracos seriam, em sua maioria, cristãos judeus, cuja "fraqueza" consistiria no fato de permanecerem, de sã consciência, comprometidos com as regras judaicas concernentes a dieta e dias religiosos.
Apesar de Paulo estar doutrinando fortemente a igreja em Roma ele busca ensinar a igreja a tolerar em amor e exortação aos fracos na fé até que venham a apresentar frutos de amadurecimento.

Paulo foi um cristão que gozou como nenhum outro de sua liberdade como F.F Bruce escreve “Paulo foi um cristão emancipado”. A liberdade, portanto, não deve servir de tropeço para o fraco na fé, visto que nem todos são “emancipados” ou tenham convicção da sua liberdade em Cristo.
A comida é um dos exemplos que Paulo traz na sua narrativa. Por causa da comida, por exemplo, não podemos fazer tropeçar o nosso irmão que por causa da sua debilidade de fé, acha que não pode comer. Por isso o apostolo afirma que o reino dos céus não é um pedaço de carne, mas justiça, alegria e paz.
CAPÍTULO 15

O apóstolo reforça a mensagem que devemos suportar em amor os fracos na fé e fortalece os corações da igreja na esperança em Cristo para a glória de Deus. Parece que Paulo está preocupado com a reação dos irmãos em Roma; de acordo com Jonh Sttot algumas indagações poderiam surgir: Terá sido insolente, dirigindo-se a uma igreja que ele não fundou e nunca visitou?  Terá dado a impressão de que considera o cristianismo deles falho e imaturo? Será que falou demais? O apóstolo se dirige a igreja de maneira mais pessoal, pede oração por seu ministério, reafirma a sua unção para pregar aos gentios.
Paulo escreve aos cristãos de Roma que deseja vê-los, mas na realidade nunca pode estar com eles. Expressa que depois de passar em Roma deseja ir para Espanha, mas sabemos que este plano de Paulo não pode ser concretizado. Enfim, Paulo teve um ministério poderoso e referencial, no final deste capítulo o apóstolo pede orações à igreja, pois ele vai para Jerusalém, e espera que o seu trabalho seja bem aceito pelos santos esperando depois visitá-los com alegria.




BIBLIOGRAFIA

STTOT, John R. N – A Mensagem de Romanos – São Paulo: ABU Editora, 2007 (A Bíblia fala hoje / editora da série J. A. Motyer)

BRUCE, F. F – Romanos: Introdução e comentário - Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os direitos reservados por Sociedade Religiosa Edições Vida Nova, Caixa Postal 21486, São Paulo-SP 04602-970